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Enfarte em mulheres jovens aumenta

De acordo com um estudo publicado recentemente numa edição especial da revista Circulation para a Go Red For Women, uma iniciativa da American Heart Association para reduzir as doenças cardiovasculares e os AVC nas mulheres, a ocorrência de enfartes do miocárdio, vulgarmente denominados ataques cardíacos, está a tornar-se mais comum em mulheres jovens.

Enfarte em mulheres jovens aumenta

MEDICINA E MEDICAMENTOS

DOENÇAS RARAS E MEDICAMENTOS ORFÃOS

Para assinalar o Dia Internacional da Mulher, a 8 de março, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) lança um apelo e junta-se ao movimento “Go Red For Women”.

As doenças cardiovasculares continuam a ser a ameaça número um da saúde das mulheres, com mais de dois milhões de mortes prematuras por ano. O risco de morte ou incapacidade devido a estas patologias é largamente subestimado nas mulheres, sendo superior ao risco de morte por cancro (morrem, todos os anos, nove vezes mais mulheres por doença cardiovascular do que por cancro da mama). No entanto, importa salientar que cerca de 80 por cento dos eventos cardíacos podem ser prevenidos.

Os investigadores analisaram dados de internamentos hospitalares e verificaram que os internamentos por enfarte agudo do miocárdio (“ataque cardíaco”), entre os 35 e os 54 anos aumentaram de 27 por cento em 1995-99 para 32 por cento em 2010–14.

O acréscimo foi mais pronunciado nas mulheres, que tiveram uma subida de dez por cento nas taxas de admissão em comparação com três por cento para os homens.
O estudo também constatou que as mulheres jovens internadas em consequência de enfarte agudo do miocárdio eram mais propensas a ter ascendência africana, hipertensão arterial, doença renal crónica, diabetes e outras condições médicas conhecidas por aumentar o risco de enfarte.

Segundo a publicação, esta população tinha também menor probabilidade de receber tratamento adequado, incluindo procedimentos invasivos para abrir artérias obstruídas e menor utilização de medicamentos recomendados, tais como anticoagulantes, betabloqueadores, fármacos para reduzir o colesterol e terapias para diminuir o risco de futuros enfartes.

“Não é o primeiro estudo que revela que as mulheres são, de certa forma, negligenciadas no tratamento do enfarte. Os profissionais de saúde devem reconhecer esse facto e desencadear estratégias para contrariar essa tendência”, comenta José Ferreira Santos, secretário-geral da SPC. 

Para este especialista, “algumas das diferenças detetadas podem estar relacionadas com o facto de as mulheres apresentarem sintomas menos típicos de enfarte do miocárdio, ou seja, muitos dos sinais que as pessoas conhecem, como a dor torácica, são mais comuns nos homens, enquanto os elementos do sexo feminino tendem a manifestar sintomas como cansaço extremo, pressão intermitente no peito e dor nos braços, costas, pescoço, maxilares ou estômago”.

“Embora seja consensual que as mulheres tendem a sofrer mais de doenças cardiovasculares, principalmente após a menopausa, as mulheres que tiveram enfartes, AVC e outras doenças cardiovasculares continuam a apresentar taxas de mortalidade desproporcionalmente mais altas que os homens”, comentou Joseph A. Hill, editor-chefe da Circulation.

Para assinalar o Dia Internacional da Mulher, a SPC apela todas as mulheres para que possam estar atentas ao seu coração adotando seis formas de manter um coração saudável:

Praticar atividade física - 30 minutos de atividade por dia podem ajudar a prevenir enfartes e AVC. Tente fazer do exercício uma parte regular da sua vida, por exemplo, usando as escadas em vez do elevador ou descendo do autocarro algumas paragens antes e fazendo o resto do caminho a pé; 

Deixar de fumar e proteja-se do fumo do tabaco - o risco de doença das artérias coronárias reduz para metade um ano após deixar de fumar e retornará ao nível basal após vários anos. Evite ambientes repletos de fumo: a exposição ao fumo passivo aumenta significativamente o risco de enfarte;

Manter um peso saudável - a manutenção de um peso adequado e a diminuição da ingestão de sal ajuda a controlar a pressão arterial e diminui o risco de doença cardiovascular e de AVC;

Conhecer os seus números - avalie regularmente os seus níveis de pressão arterial, colesterol e glicose. A hipertensão arterial é o fator de risco número um para AVC e um fator importante para todas as doenças cardíacas. Níveis elevados de colesterol e glicose no sangue também aumentam o risco;

Seguir uma alimentação saudável - coma muita fruta e legumes frescos, uma grande variedade de grãos integrais, carne magra, peixe, ervilhas, feijões, lentilhas e alimentos com baixo teor de gorduras saturadas. Desconfie de alimentos processados, que geralmente contêm altos níveis de sal. Bebe 1,5 l de água por dia;

Estar familiarizado com os sinais de alerta - habitualmente, os ataques cardíacos manifestam-se de maneira diferente nas mulheres. Aprenda os sinais de alerta, pois quanto mais cedo for solicitada ajuda médica, maiores são as hipóteses de uma recuperação completa.

Fonte: press release

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