GRAVIDEZ

Vitrificar óvulos antes dos 35 anos aumenta em 40% taxa de sucesso

A possibilidade de preservar o potencial reprodutivo representou um grande avanço para a medicina reprodutiva. “Um estudo demonstra que o grupo IVI foi pioneiro a nível ibérico na vitrificação de ovócitos e conta com o maior número de casos e resultados até à data”, anunciou o grupo.

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As doentes diagnosticadas com cancro que se submetam a um tratamento de quimioterapia ou radioterapia que pode afetar a fertilidade ou aquelas mulheres que por qualquer outra razão queiram adiar o seu projeto reprodutivo, têm a opção de vitrificar os seus óvulos, e, no futuro, se decidirem engravidar e não conseguirem de forma espontânea, podem recorrer aos mesmos.

“Em Portugal, como no resto da Europa, a tendência atual é adiar a maternidade por vários motivos (aposta na carreira, maior estabilidade e independência financeira ou simplesmente não ter a pessoa certa ao seu lado), por isso surgiu o conceito de preservação de fertilidade ‘social’, que permite às mulheres gerir a sua vida de acordo com os seus objetivos. A altura ideal para fazê-lo é até aos 35 anos para poder ‘guardar’ os ovócitos em quantidade suficiente e de boa qualidade. É um processo simples e rápido que se conclui em cerca de duas semanas”, explica a ginecologista Tatiana Semenova, do IVI Lisboa.

Recentemente, a prestigiada revista Human Reproduction publicou um estudo liderado por Ana Cobo, diretora da Unidade de Criobiologia do IVI, intitulado “Elective and oco-fertility preservation: factors related to IVF outcomes”, no qual também participaram José Remohí, Antonio Pellicer e Juan Antonio García-Velasco.

Este dá resposta às principais dúvidas das mulheres em relação à preservação de fertilidade e inclui estatísticas acerca da taxa de gravidez que pode alcançar uma mulher que vitrifique os seus óvulos, em função da idade e do número de ovócitos que vitrifique.

“Um dado muito chamativo é que as mulheres menores de 35 anos que preservaram a sua fertilidade por motivos sociais alcançaram uma taxa de sucesso de 94 por cento ao obter 24 ovócitos para vitrificar, enquanto as que tinham mais de 35 anos, com uma quantidade semelhante de ovócitos, apenas chegavam a 50 por cento de probabilidade de gravidez de termo. Daí a importância de preservar a fertilidade antes dos 35 anos, algo que desde sempre insistimos por conhecermos o efeito da idade na qualidade dos óvulos”, explica Ana Cobo.

No grupo de doentes que vitrificam por motivos oncológicos não se observa a mesma tendência, em grande parte devido ao tamanho da amostra que regressa para utilizar os óvulos vitrificados.

O estudo é uma amostra da realidade social, que indica como o grupo maioritário de mulheres que preserva a sua fertilidade por motivos sociais continua a situar-se acima dos 35 anos.

De facto, este último grupo aglutina mais de 70 por cento das mulheres que preservaram a sua fertilidade por motivos sociais no IVI, e 15 por cento tinham mais de 40 anos. Esta tendência inverte-se no caso dos ciclos de onco-fertilidade, em que 70 por cento das doentes tinha menos de 35 anos.

“Na clínica IVI Lisboa, também temos o programa de preservação de fertilidade gratuito para os doentes oncológicos (homens e mulheres) que permite a possibilidade de preservação do seu potencial reprodutivo antes de se submeter aos tratamentos potencialmente gonadotóxicos – quimioterapia e radioterapia – para um dia, mais tarde, poderem concretizar o sonho de serem pais”, explica Tatiana Semenova.

“Neste estudo retrospetivo integrado, 83,5 por cento das mulheres optou por uma preservação eletiva da fertilidade e 16,5 por cento fê-lo por motivos oncológicos (principalmente cancro de mama). Destas mulheres, aproximadamente 700 regressaram para tentar ser mães, 162 bebés nasceram fruto de preservação por motivos sociais e 25 bebés nasceram depois das mães superarem o cancro”, explica Ana Cobo.

O IVI foi pioneiro a nível ibérico na vitrificação de ovócitos e conta com o maior número de casos e resultados até à data. Isto permitiu que a amostra do estudo, formada por 6 332 mulheres, seja a mais ampla publicada até ao momento em trabalhos que se refiram a dados de uso, eficácia e prognóstico desta técnica de conservação de gâmetas.

Além disso, o trabalho mostra uma clara evolução da técnica quando realiza por motivos sociais, que, em pouco mais de dez anos, aumentou 18 por cento, passando de dois para 22 por cento do total de tratamentos realizados no IVI (período estudado: 2007 – 2017).

“Apesar das taxas de retorno ainda serem baixas, com cerca de um 15 por cento na preservação social e aproximadamente dez por cento em oncológica, o certo é que esta técnica teve um crescimento exponencial nos últimos anos e prevemos que siga a mesma tendência nos próximos anos, pelo que exige um estudo detalhado e em profundidade das suas implicações, não só médicas, mas também sociais”, conclui Ana Cobo.

Fonte: Grupo IVI

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