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Melatonina pode ajudar a aumentar sucesso de transplantes

Já utilizada no tratamento de distúrbios do sono e alvo de estudos clínicos para combater o cancro e outras doenças, a melatonina também pode ajudar a aumentar o sucesso de transplantes de medula.

Melatonina pode ajudar a aumentar sucesso de transplantes

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A hormona produzida à noite pela glândula pineal, no cérebro, e que tem a função de informar o organismo que está escuro e prepará-lo para o repouso noturno, também regula a disponibilidade de células-tronco na medula óssea.

“Descobrimos que a proliferação e a libertação de células-tronco são menores durante o dia do que à noite, quando essas células são armazenadas na medula, e que a melatonina produzida pelo organismo à noite é responsável por essa diferença”, explicou a professora Regina Pekelmann Markus, da Universidade de São Paulo, no Brasil, coordenadora da pesquisa.

“Essa descoberta sugere que o horário da recolha de células-tronco pode influenciar o sucesso de um transplante de medula óssea no tratamento do cancro”, acrescentou.

Por meio do novo estudo, os pesquisadores determinaram a quantidade de células-tronco na medula de ratinhos ao longo de 24 horas. Os resultados das análises indicaram que ocorrem dois picos diários de produção dessas células - às 11h00 e às 23h00 -, regulados pela transição entre as fases de mudança na entrada do dia ou da noite.

Os picos de produção das células-tronco eram impulsionados pelo aumento ou diminuição dos níveis de duas substâncias na medula óssea dos ratinhos: a norepinefrina (NE) e o fator de necrose tumoral (TNF).

“Vimos que o TNF, que é conhecido por causar morte celular e inflamação, atua como um sinal fisiológico de produção da melatonina na medula”. Essa molécula aparece na transição do dia para noite, ou o contrário, e gera picos de produção das células-tronco progenitoras.

“A secreção de TNF e NE na medula óssea induz a proliferação celular e, portanto, há dois picos de intensa produção, um de dia e outro de noite. Mas aí entra a melatonina. Durante o dia, apenas a melatonina local está presente e as células saem da medula e vão para o sangue”, afirmou Regina.

Ao bloquear o TNF e a NE em ratinhos, os pesquisadores observaram que cessaram os picos diários de produção de células-tronco na medula óssea dos animais - o que sugere que essas moléculas são essenciais para a produção, alternativamente, de células indiferenciadas e maduras.
“Esses achados podem dar origem a estratégias para aumentar a eficiência da recolha de células-tronco em transplantes de medula em humanos”, afirmou a investigadora.

Uma das estratégias seria recolher as células-tronco da medula de um dador durante o dia, porque as células recolhidas à noite vão para a medula mais rapidamente, onde ficam ancoradas e guardadas nos nichos dos ossos. Outra possibilidade seria realizar nos dadores de medula, antes do transplante, um pré-tratamento com melatonina ou outras moléculas reguladoras dos ciclos de luz e escuridão.


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