CANCRO

App inovadora devolve voz a doentes com cancro da garganta

Uma equipa de cientistas da República Checa desenvolveu uma aplicação (app) inovadora que permite devolver a voz a doentes vítima de cancro da garganta, que, muitas vezes, obrigada à remoção da laringe, o que compromete a fala.

App inovadora devolve voz a doentes com cancro da garganta

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Em causa está um pequeno dispositivo de silicone que é implantado na garganta e que permite que as pessoas falem pressionando o orifício com os dedos para regular o fluxo de ar através da prótese e, assim, criar som.

A nova aplicação de voz de alta tecnologia foi desenvolvida para pacientes que estão prestes a perder a voz devido a uma laringectomia, ou remoção da laringe, um procedimento típico para estágios avançados de cancro da garganta.

O projeto conjunto da Universidade da Boémia Ocidental em Pilsen, da Universidade Charles de Praga e de duas empresas privadas - CertiCon e SpeechTech - teve início há quase dois anos.

A tecnologia usa gravações de voz de um paciente para criar uma fala sintética que pode ser reproduzida nos seus telemóveis, tablets ou computadores portáteis através da aplicação.

Idealmente, os pacientes precisam gravar mais de dez mil frases para fornecer aos cientistas material suficiente para produzir a sua voz sintética.

“Editamos juntos sons individuais de fala, por isso precisamos de muitas frases”, disse Jindrich Matousek, especialista em síntese de texto para fala, modelagem de fala e acústica que lidera o projeto na universidade de Pilsen.

Mas há desvantagens: os pacientes que serão submetidos a laringectomias geralmente têm pouco tempo ou energia para fazer as gravações, na sequência de um diagnóstico que requer tratamento rápido.

“Geralmente é uma questão de semanas”, disse Barbora Repova, médica do Hospital Universitário de Motol, que trabalha no projeto pela Universidade Charles.

“Os pacientes também têm que lidar com questões como a situação económica, as vidas deles estão de cabeça para baixo e a última coisa que querem fazer é gravar”, disse à AFP.

Para resolver estas dificuldades, os cientistas criaram um método mais simplificado para a aplicação, que é apoiado pela Agência de Tecnologia da República Checa.

Trabalhando com menos frases - idealmente 3 500, mas um mínimo de 300 - esse método usa modelos estatísticos avançados, como redes neurais artificiais.

“Utilizam-se modelos de fala com certos parâmetros para gerar fala sintetizada”, disse Matousek. “Ter mais dados é melhor, mas é possível obter uma qualidade mínima com menos dados de uma determinada voz”.

As frases são cuidadosamente selecionadas e os sons individuais devem ser gravados várias vezes, visto que são pronunciados de forma diferente ao lado de sons diferentes ou no início e no final de uma palavra ou frase, acrescentou.

Até agora, a universidade de Pilsen gravou entre dez e 15 pacientes, segundo Matousek.

Além do checo, os cientistas de Pilsen também criaram amostras de fala sintetizadas em inglês, russo e eslovaco.

“Pacientes com cancro de garganta muitas vezes sofrem de alguma forma de disfonia (rouquidão) antes da cirurgia, e isso combinado com uma amostra de fala limitada, faz a voz parecer artificial”, afirmou ainda Repova.

Matousek acredita que, no futuro, os pacientes poderão usar a aplicação para gravar a sua voz em casa, usando um site especializado para orientá-los durante o processo.

“O objetivo final é criar um dispositivo em miniatura conectado ao cérebro, aos nervos ligados à fala - então os pacientes poderiam controlar o dispositivo com os seus pensamentos”, disse. Esse tipo de solução avançada está, contudo, muito distante, concluiu Repova.

Fonte: AFP

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