NEUROCIÊNCIAS

Demência está a aumentar em paralelo com esperança média de vida

Os casos de demência estão a aumentar em paralelo à esperança média de vida, revelou um relatório do Projeto de Apoio Domiciliário à Demência, da responsabilidade da Misericórdia de Mogadouro, tido como “inovador” no país.

Demência está a aumentar em paralelo com esperança média de vida

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Em apenas um ano, o Projeto de Apoio Domiciliário à Demência (PADD), promovido pela Misericórdia de Mogadouro, viu duplicar o número de doentes que se propôs a tratar.

Os profissionais de saúde que integram o PADD já tratam quase 60 doentes portadores de demência, sendo que este número é o dobro do inicialmente previsto, e há já mais 91 pessoas referenciadas com demência por parte desta equipa.

Para a neurologista Purificação Ortiz, com o aumento da esperança média de vida do ser humano, os casos de demência também vão aumentando.

“Um dos maiores desafios é cuidar deste tipo de doentes quando a patologia se encontra em fase já mais avançada. Esta situação coloca à prova os conhecimentos e os cuidados que têm os cuidadores com este tipo de doentes a seu cargo”, vincou a médica especialista.

Quando há suspeitas da existência de sintomas da doença, como a perda de memória, desorientação, ou confusão com as coisas simples do dia, essas pessoas são encaminhadas para esta equipa, que percorre um concelho com 756 quilómetros quadrados e com uma população bastante envelhecida.

O PADD envolve as cerca de seis dezenas de utentes que são apoiados por uma equipa multidisciplinar de profissionais de saúde e que vão desde a neurologia, passado pela psicologia clínica ou a enfermagem, entre outros.

Segundo os dados fornecidos no relatório, o PADD tem mais 91 novos doentes sinalizados, aos quais se juntam mais 76 pessoas que são já acompanhadas pela equipa por apresentarem alguns sinais característicos da demência.

A psicóloga clínica Tânia Silva, que integra este projeto, disse que, com o aparecimento da equipa e com as ações de sensibilização que têm sido feitas em todo o concelho, as pessoas mostram-se mais atentas para os sintomas da doença.

“As pessoas, como estão mais informadas, têm a tendência em nos informar com mais antecedência ou a falar do assunto com os médicos de família. Estas atitudes fazem com que os cuidadores tenham acesso mais rápido aos cuidados especializados”, enfatizou a técnica.

Esta equipa, que está no terreno há pouco mais de um ano, tem sinalizado mais doentes portadores de demência devido às ações de sensibilização que realizam.

“Esta situação é por nós notada com o passar dos meses, em que vemos uma população muito isolada, não só pelas distâncias, mas igualmente por estarem sós”, observou.

Tânia Silva garante que, com a presença no terreno desta equipa multidisciplinar, os idosos não estão isolados, havendo uma sensação de segurança por parte desta faixa etária.

“Não somos um serviço de urgência. Porém, somos muitas vezes solicitados para atender a situações de crise provocadas pela demência”, frisou.

A demência é caracterizada por uma perda progressiva e irreversível das funções intelectuais, como alteração de memória, raciocínio e linguagem e perda da capacidade de realizar movimentos e de reconhecer ou identificar objetos.

Segundo os especialistas, a doença ocorre com maior frequência a partir dos 65 anos de idade e é uma das principais causas de incapacidade em idosos.

“O projeto tem a grande finalidade em atrasar o avançar da doença, através de um diagnóstico precoce que permita uma atuação atempada, diminuindo a evolução da doença, permitindo uma melhoria na qualidade de vida aos doentes e dos seus cuidadores adiantando a sua institucionalização”, frisou o provedor da Misericórdia de Mogadouro, João Henriques.

O responsável destacou ainda o número de quilómetros percorridos em todo o concelho pela equipa do PADD, que ultrapassa os 14 mil, o que, em seu entender, se pode traduzir numa poupança de recursos, já que os doentes não têm de se deslocar aos hospitais centrais ou regionais para obter ajuda especializada nesta doença.

O Apoio Domiciliário à Demência tem ainda mais um ano pela frente, sendo investidos no projeto cerca de 140 mil euros provenientes do Programa Operacional de Inclusão Social e mais “60 mil euros de um investidor social que é o município de Mogadouro”.

Fonte: Lusa

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