SIDA

Aumenta número de casos de VIH em homens que fazem sexo com homens

A associação Abraço afirmou esta terça-feira, 27 de novembro, que o aumento do número de casos de VIH em homens que fazem sexo com homens não constitui uma surpresa, defendendo que é preciso encontrar novos métodos preventivos para controlar a doença.

Aumenta número de casos de VIH em homens que fazem sexo com homens

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Segundo o relatório “Infeção VIH e SIDA” relativo a 2017, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), observou-se um aumento de 29 por cento no número de casos em casos de homens que fazem sexo com homens, que, desde 2015, são em número mais elevado que os registados relativos a homens heterossexuais.

Em declarações à agência Lusa, a vice-presidente da Abraço, Cristina Sousa, afirmou que estes números não são “uma surpresa”, adiantando que “o investimento que está a ser feito nos últimos anos nesta população ainda precisa de ser mais analisado”.

Por conseguinte, defendeu, tem de se intervir neste grupo em específico, um trabalho que já está a ser feito pela Abraço e pela Direção-Geral da Saúde.

“Realmente tem-se verificado um número crescente de infeção VIH nesta população e tem-se intervindo junto delas através do rastreio, mas também com a introdução agora da PREP [profilaxia pré-exposição do VIH] que será visto mais como um método preventivo de forma a tentarmos controlar a doença nesta população”, salientou.

Cristina Sousa adiantou que esta população sempre “ouviu falar muito mais” de sida, porque é uma doença que, desde o seu início, está associada à população homossexual.

Por esta razão, mais facilmente a assume como uma doença crónica e, “apesar de todos os receios que possa ter em relação a contrair a doença”, percebeu que há outras formas de a prevenir.

A PREP veio ajudar a que não haja novos casos de infeção nesta população que “rejeita muito o preservativo” e ao fazê-lo acaba por correr maior risco.

Para Cristina Sousa, este medicamento foi um passo importante no combate à doença e os números do INSA vêm provar isso. “Não podemos fugir a esta realidade e temos que encontrar outros métodos preventivos para conseguir controlar e colmatar a situação presente”.

Advertiu, no entanto, que os homens que fazem sexo com homens não são diferentes do “resto da população que não usa preservativo”, considerando que a grande preocupação está na população em geral.

“O heterossexual continua a considerar que é uma infeção de grupos específicos, que é algo que não lhe acontece a ele, e estes dados do INSA podem dar a entender a um leigo mais uma vez isto, mas não é verdade”.

Em Portugal, “continuamos a não encontrar os diagnósticos tardios”. Os novos casos que aparecem na faixa etária dos 25/40 anos são “infeções recentes na população de homens que fazem sexo com homens que procuram o teste assim que sabem que têm um comportamento de risco”.

“O que nos continua a falhar em Portugal é detetar aqueles que não sabem que estão infetados” e, “na minha opinião, esses estão na população em geral, no grupo dos heterossexuais, que desconhecem o seu estado serológico há cinco, dez anos” e continuam a não se proteger e a infetar.

O relatório do INSA adianta que mais de mil novos casos de infeção por VIH surgiram em Portugal no ano passado, sendo o grupo etário entre os 25 e os 29 anos o que teve taxa mais elevada de novos diagnósticos.

No ano passado registaram-se 261 mortes em pessoas com VIH, 134 delas em estádio sida, a fase mais avançada da infeção. A idade mediana à data da morte foi de 52 anos.

Fonte: Lusa

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