CANNABIS

Especialistas alertam para desvalorização dos riscos da cannabis

Especialistas alertaram para a importância de esclarecer os jovens para o impacto neurológico e respiratório do consumo de cannabis, cujos riscos para a saúde podem ser desvalorizados por estar também associado a fins medicinais.

Especialistas alertam para desvalorização dos riscos da cannabis

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O facto de esta droga psicoativa poder ser também usada para fins medicinais conduz a que se instale “alguma confusão”, levando a “uma perceção reduzida dos riscos” cerebrais, sobretudo entre os adolescentes, defendeu Teresa Summavielle, investigadora na área da Biologia da Adição, no 34.º Congresso de Pneumologia, que decorreu no passado fim-de-semana em Albufeira.

Já o presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, José Miguel Chatkin, alertou para os efeitos adversos do consumo de cannabis no sistema respiratório, sublinhando, contudo, que ainda não foi possível provar a relação entre o seu consumo e o aumento da probabilidade de desenvolver cancro do pulmão.

De acordo com a investigadora do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto, o consumo continuado de cannabis pode levar ao desenvolvimento de doenças psiquiátricas e de comportamentos similares aos que são observados nos doentes com esquizofrenia.

“Era muito importante fazer, desde cedo, nas escolas, uma política clara para a aprendizagem dos efeitos destes componentes: do tabaco, da cannabis e de outras drogas”, defendeu Teresa Summavielle, sublinhando que os adolescentes têm “uma perceção muito reduzida” dos riscos cerebrais associados.

Por outro lado, refere a investigadora, apesar de se desconhecerem os mecanismos que produzem esta interação, o consumo de nicotina potencia o efeito do álcool e também dos canabinoides, o que significa que, tomadas em conjunto, aquelas substâncias ganham ainda efeitos mais nocivos.

Apesar de os efeitos psicoativos do consumo da cannabis serem imediatos, os seus componentes acumulam-se no tecido cerebral, mas também no tecido adiposo, o que faz com que a sua presença no organismo se prolongue por mais tempo, podendo ser detetada até quase um mês após a sua utilização, num consumidor regular.

O pneumologista José Miguel Chatkin avisou, por seu turno, para o impacto do consumo de cannabis no sistema respiratório, que pode, dependendo da frequência do consumo, ser tão nocivo como o consumo de tabaco.

Segundo o especialista, para além de os consumidores de cannabis aspirarem o fumo de forma mais profunda, tendem a retê-lo mais tempo nos pulmões do que os consumidores de tabaco, além de, geralmente, a substância ser fumada sem filtro.

Os especialistas falavam durante uma conferência sobre tabagismo, no 34.º Congresso de Pneumologia, que decorreu no final da passada semana num hotel em Albufeira.

Fonte: Lusa

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