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Acordos com setor social devem contemplar cuidados com demências

Os acordos de cooperação com as instituições sociais deveriam ser revistos e aumentados de modo a incluir os custos dos cuidados com as pessoas com demência, defendeu o responsável pela área de cuidados continuados da União das Misericórdias.

Acordos com setor social devem contemplar cuidados com demências

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Em declarações à agência Lusa, na véspera das Jornadas de Cuidados Continuados Integrados, que se realizam em Fátima esta quarta e quinta-feira, dias 7 e 8 de novembro, Manuel Caldas de Almeida apontou que, na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), o valor que é pago pelo Estado não é suficiente para garantir os padrões de qualidade exigidos.

“Quando o Estado faz novas exigências tem de perceber que as novas exigências custam dinheiro e adaptar o preço que paga, que, aliás, tem sido o problema com a rede de cuidados continuados”, apontou.

Nesse sentido, deu como exemplo as Unidades de Longa Duração, em que o pagamento por dia “é muito parecido com o pagamento de um hotel de duas estrelas”.

“Como é que se pode querer que com aquilo que nós pagamos num hotel de duas estrelas, que a única coisa com tem de se preocupar (…) é com a lavagem dos lençóis e do quarto e o pequeno-almoço, como é que queremos que com o mesmo preço, com o mínimo da qualidade hoteleira, se dê, além disso, cuidados de enfermagem, de fisioterapia, cuidados de terapia ocupacional, medicamentos, etc.”, criticou.

Caldas de Almeida afirmou que “os valores estão totalmente desadequados e a causar problemas muito graves” e defendeu que sejam reavaliados e reajustados de modo a incluir as soluções necessárias ao acompanhamento das pessoas com demência.

O responsável defendeu também que não basta o Estado regulamentar e depois não comparticipar financeiramente, sublinhando que os lares são unidades de longa duração, onde os utentes precisam de fisioterapia, cuidados de enfermagem ou médicos.

Caldas de Almeida frisou que esses cuidados “custam mais 200 ou 300 euros” do que aquilo que os utentes ou o Estado pagam, uma “situação que para muitas misericórdias é insustentável”.

Por outro lado, salientou que o problema do envelhecimento está a agravar-se em Portugal, o que obriga a que haja uma solução inteligente e eficaz.

Nesse sentido, defendeu que não podem ser as entidades do setor social a ter este esforço financeiro, apontando que muitas delas não têm sustentabilidade e que são poucas as que conseguem ter atividades de onde tiram recursos para amortizar as perdas na área social.

“Não se pode estar sempre à espera que nos paguem os produtos por um preço inferior ao custo deles porque a médio prazo muitas unidades não vão aguentar e vão começar a ir à falência, o que é pior”, avisou, lembrando que, em muitas comunidades, as misericórdias são o primeiro ou segundo maior empregador.

O responsável adiantou que a União das Misericórdias tem um plano de formação totalmente preparado, tanto na área da fragilidade como na área da demência, da doença crónica ou dos cuidados paliativos e que essa “é a grande aposta” da organização.

Caldas Almeida disse que o Estado tem um papel regulador e que deveria ser ele a organizar estas formações, não no sentido de ser o Estado a dar as formações, mas antes dizendo quais as formações obrigatórias, algo que também deveria ser contemplado no valor das comparticipações pagas pelo Estado às instituições.

Nas jornadas vão ser apresentadas boas práticas das misericórdias no campo das demências, nomeadamente duas unidades com centro de dia para pessoas com demência, uma das quais em Mogadouro que acompanha 30 famílias, além de unidades com apoio domiciliário.

Caldas de Almeida defendeu que os centros de dia para pessoas com demência seria “uma resposta excelente em Portugal”, desde que com cobertura alargada e com atividades de neuroestimulação, apontando que, com custo muito reduzido, as famílias poderiam ter a pessoa com demência em casa durante muito mais tempo.

Fonte: Lusa

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