VÍRUS

Identificado pela primeira vez no Brasil vírus do Nilo Ocidental

Uma equipa de cientistas do Instituto Evandro Chagas de Belém, no Brasil, anunciou ter feito o primeiro isolamento do vírus do Nilo Ocidental em equinos de uma quinta no Espírito Santo, mortos por encefalite - inflamação do cérebro e das meninges - causada pelo vírus.

Identificado pela primeira vez no Brasil vírus do Nilo Ocidental

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O vírus do Nilo Ocidental é da mesma família do Zika, também originário da África e transmitido por mosquitos. Entrou nas Américas pelos Estados Unidos, no final da década de 1990, dispersou-se rapidamente naquele país e migrou para as Américas Central e do Sul.

"Desde que surgiram os primeiros casos de infeção pelo vírus do Nilo Ocidental nos Estados Unidos começamos a fazer uma monitorização de aves silvestres - que são os principais hospedeiros do vírus - a fim de tentar isolar esse vírus no Brasil, mas até então só tínhamos algumas evidências sorológicas", explicou o investigador Pedro Fernando da Costa Vasconcelos.

Os pesquisadores também sequenciaram o genoma completo do vírus isolado. As análises indicaram que o genótipo do vírus encontrado nos equinos é o mesmo do vírus do Nilo Ocidental que tem sido isolado nos Estados Unidos, além da Argentina e Canadá, onde também há relatos de infeção pelo vírus.

"Isso mostra que o vírus se dispersou pelas Américas provavelmente por aves silvestres", destacou o cientista.

A maioria dos casos de infeção de humanos pelo vírus do Nilo Ocidental é assintomática ou manifesta poucos sintomas, como febre, dores de cabeça, fadiga, dores musculares, náuseas, perda de apetite e exantema (ou lesões vermelhas).

Em um por cento dos casos, contudo, o vírus afeta o sistema nervoso central e causa uma doença neurológica, que provoca inflamação do cérebro e das meninges e pode ser mortal.

Uma vez que a população brasileira tem muita imunidade para flavivírus e já se sabe que há uma reatividade cruzada entre eles, estima-se que a incidência de casos de infeção graves pelo vírus do Nilo Ocidental no Brasil seja bem menor do que a que ocorreu nos Estados Unidos.

"Não esperamos que ocorram muitos casos de infeção grave por vírus do Nilo Ocidental no Brasil, como ocorreu nos Estados Unidos, por que lá não existe dengue, os norte-americanos não se vacinam contra a febre amarela e não há outros flavivírus que circulam abundantemente como no Brasil, nomeadamente o Zika, chikungunya, dengue e febre amarela", concluiu Pedro Vasconcelos.


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