Antidepressivos sintéticos aumentam risco de morte prematura
Um estudo conduzido por cientistas da Universidade McMaster, em Ontário, no Canadá, descobriu que, para algumas pessoas, os antidepressivos podem aumentar o risco de morte prematura.
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A classe de medicamentos antidepressivos mais comum são os inibidores da recaptação da serotonina, ou ISRS. Eles funcionam ao bloquear a recaptação da serotonina, que é uma das principais substâncias químicas promotoras do bem-estar no cérebro.
A serotonina tem sido chamada de neurotransmissor da "felicidade" e as pessoas que não produzem o suficiente deste composto são mais propensas a sofrer de transtornos de depressão, ansiedade e humor.
Em teoria, os antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina mantêm a serotonina no cérebro por mais tempo para aqueles que sofrem de depressão. No entanto, os cientistas canadianos descobriram que esses antidepressivos interrompem a regulação de múltiplos processos no cérebro, incluindo o funcionamento ideal da serotonina
A equipa realizou uma meta-análise que integrou 16 estudos médicos sobre o tema bem como informações de bancos de dados. O objetivo era descobrir a existência de uma ligação entre o uso de antidepressivos e a mortalidade. Ao todo, foram avaliadas 375 mil pessoas.
Os autores analisaram o risco de várias doenças associado ao uso de antidepressivos, incluindo doenças cardiovasculares. Para esse efeito, foi utilizado um modelo de efeitos mistos para controlar as condições pré-existentes e a gravidade da depressão com o objetivo de obter resultados mais precisos.
Foram analisados diferentes tipos de medicamentos antidepressivos, incluindo ISRS e antidepressivos tricíclicos.
Os resultados mostraram que a toma de antidepressivos elevava o risco de morrer prematuramente em 33 por cento, quando comparado com pessoas que não tomam esses medicamentos.
As pessoas que tomam antidepressivos também foram 14 por cento mais propensas a ter um ataque cardíaco, derrame ou outro evento cardiovascular adverso.
O estudo revelou que a serotonina auxilia em numerosos processos orgânicos e não apenas humor e sensação de bem-estar e felicidade.
Ambos os antidepressivos tricíclicos e inibidores da recaptação da serotonina resultaram promoveram o mesmo aumento do risco de morte precoce. Esses medicamentos são considerados a primeira geração de antidepressivos.
A serotonina não é apenas uma substância química cerebral; este neurotransmissor está presente em todo o corpo, e em vários órgãos, e ajuda a regular o crescimento celular, a digestão, a reprodução, o sistema imunológico e muitos outros processos.
Apesar de assegurar a presença de mais serotonina no cérebro de pessoas deprimidas ser uma estratégia eficaz para combater a depressão, os medicamentos que promovem esse efeito afetam o funcionamento químico do cérebro e de todo o organismo de forma imprevista.
Os próprios médicos que prescrevem esses medicamentos sintéticos não têm a certeza sobre quais podem ser os seus efeitos a longo prazo.
A manipulação do funcionamento da serotonina pode promover uma série de efeitos imprevistos diferentes, que, por sua vez, parecem levar à morte prematura de um terço de todos os utilizadores de antidepressivos, concluíram os autores.