Cientistas criam células imunológicas artificiais em laboratório
Cientistas internacionais conseguiram desenvolver células do sistema imunológico sintéticas, ou artificiais - células totalmente feitas em laboratório.
SOCIEDADE E SAÚDE
DEMOGRAFIA, UM OLHAR SOBRE O PERCURSO EUROPEU
Nos países desenvolvidos assiste-se a uma mudança de mentalidade e de valores (mulher, família, trabalho, etc) que vem desaguar no cerne da questão abordada neste artigo: a diminuição da natalidade. LER MAIS
O objetivo é usar essas células no desenvolvimento de medicamentos mais eficazes para tratar doenças oncológicas e doenças autoimunes, além de ajudar a compreender melhor o funcionamento e o comportamento das células imunes humanas.
As células T - ou linfócitos T - sintéticos são as melhores reproduções já feitas das células imunes humanas até ao momento, asseguram os autores do estudo.
A equipa conseguiu replicar a forma, o tamanho e a flexibilidade das células T, o que permite que elas desempenhem as suas funções básicas de identificar e controlar as infeções.
Quando aprimoradas, essas células poderão ser usadas para estimular o sistema imunológico de pessoas com problemas imunológicos, afirmaram Mohammad Sadrabadi e os seus colegas da Universidade da Califórnia em Los Angeles, nos Estados Unidos.
É difícil usar a células T naturais em pesquisas científicas porque elas são muito delicadas e porque, depois de serem extraídas de humanos e outros animais, elas tendem a sobreviver por apenas alguns dias, explicaram.
"A estrutura complexa das células T e a sua natureza multifuncional têm dificultado a sua replicação em laboratório. Com esse avanço, nós podemos usar células T sintéticas para projetar transportadores de drogas mais eficientes e compreender melhor o comportamento das células imunológicas", afirmou Alireza Moshaverinia, coordenador do trabalho.
A equipa produziu as células T usando um sistema microfluídico, como o usado nos biochips, no qual foram combinadas duas soluções diferentes - óleo mineral e um biopolímero de alginato, uma substância semelhante à goma feita de polissacarídeos e água.
Quando os dois fluidos se combinam, eles criam micropartículas de alginato, que replicam a forma e a estrutura das células T naturais. A sua elasticidade foi ajustada alterando a concentração de iões de cálcio na solução onde as micropartículas foram depositadas depois de prontas.
Faltava apenas ajustar os atributos biológicos das células, ou seja, dar-lhes as mesmas características que permitem que as células T naturais sejam ativadas para combater infeções, penetrar nos tecidos humanos e libertar mensageiros celulares para regular a inflamação.
Para fazer isso, os cientistas revestiram as partículas com fosfolipídios, de modo que o exterior das partículas imitasse as membranas celulares humanas.
Finalmente, usando um processo químico chamado bioconjugação, as células T artificiais foram ligadas a sinalizadores CD4, partículas que ativam as células T naturais para atacar as células infeciosas ou cancerígenas.
A equipa afirma que outros cientistas poderão usar o mesmo processo para criar vários tipos de células artificiais, incluindo células "assassinas naturais" ou micrófagos, para pesquisas sobre doenças específicas ou para ajudar a desenvolver tratamentos inovadores contra várias patologias.