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Privação de sono potencia efeitos de drogas e reforça dependência

Um estudo de cientistas da Universidade Federal de São Paulo), que avaliou os efeitos da anfetamina, concluiu que dormir menos do que o necessário potencia os efeitos das drogas e reforça a dependência química.

Privação de sono potencia efeitos de drogas e reforça dependência

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"O sono transformou-se em moeda de troca na sociedade contemporânea. Deixamos de dormir para fazer muitas outras coisas: trabalho, diversão, participação em redes sociais etc. E a associação da privação do sono com o uso de drogas psicoestimulantes, como anfetamina, cocaína e outras, tornou-se muito frequente - não apenas em festas e raves, mas também por parte de profissionais que precisam trabalhar por turnos, como plantonistas de hospitais, condutores e outros. O nosso estudo mostrou que a privação de sono exacerba o efeito da droga e contribui para a consolidação do quadro de dependência", disse a investigadora Laís Fernanda Berro, líder do estudo.

Vários estudos já realizados têm mostrado indícios cada vez mais fortes da associação da privação do sono com diversas enfermidades, incluindo obesidade, diabetes, doenças cardíacas, acidente vascular cerebral, doença de Alzheimer e cancro.

Testes já realizados demonstraram que são necessárias quatro sessões para condicionar animais de laboratório ao uso de anfetaminas, ou seja, torná-los "viciados" na droga.

O objetivo do prensente estudo foi verificar se a privação de sono poderia levar ao condicionamento com um número menor de sessões do que as quatro descritas pela literatura. Os cientistas verificaram que isso de facto ocorreu.

"A nossa pesquisa mostrou que, quando existe privação de sono, bastam duas sessões para os animais ficarem viciados", afirmou a investigadora.

"É claro que é sempre problemático transpor os resultados obtidos com modelos animais para humanos, mas, afinal, é para isso que fazemos testes com modelos animais. No caso, a experiência que realizámos permite afirmar que, se uma pessoa estiver privada de sono e fizer uso de anfetamina, terá maior propensão a desenvolver o condicionamento entre os efeitos da droga e as pistas ambientais - isto é, as características do ambiente", disse a pesquisadora.

A associação entre os efeitos da droga e o ambiente é algo muito prevalente na vida dos dependentes químicos. A tal ponto que o condicionamento pelas pistas ambientais constitui um dos maiores desafios no tratamento.

"Mesmo quando dependentes químicos decidem que querem deixar a droga e têm recursos e força de vontade suficientes para passar três meses numa clínica de reabilitação, é muito difícil que, depois de tudo isso, eles possam regressar ao ambiente em que habitualmente faziam o uso da droga sem ter recaídas", explicaram.

"Quando as pessoas deixam o tratamento, as pistas ambientais associadas aos efeitos da droga – que podem englobar desde a audição de uma simples música até o contato com um colega – são suficientes para que elas se lembrem dos efeitos da droga e sintam o impulso de a usar novamente", concluiu a cientista.


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