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Tornar obrigatória formação sobre paragem cardiorrespiratória

Acaba de ser entregue na Assembleia da República uma petição que quer tornar obrigatória a formação sobre paragem cardiorrespiratória nas escolas e junto de algumas profissões. De acordo com os subscritores, a medida poderia salvar milhares de pessoas por ano.

Tornar obrigatória formação sobre paragem cardiorrespiratória

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A petição "A reanimação cardíaca é um direito de todos nós", conseguiu recolher mais de sete mil assinaturas, numa iniciativa do "Movimento Salvar Mais Vidas", um movimento cívico fundado pelo fisioterapeuta Gabriel Boavida e que tem o apoio de médicos, mas também de figuras públicas nacionais.

O responsável salientou, em declarações à Lusa, que "as paragens cardiorrespiratórias são a principal causa de morte em Portugal fora do meio hospitalar", mais de dez mil pessoas por ano, mais de uma morte por hora, "mais do que as mortes que acontecem nas situações de sinistralidade rodoviária". E muitas dessas mortes, disse Gabriel Boavida, podiam ser evitadas.

"Em Portugal a taxa de sobrevivência (a uma paragem cardiorrespiratória) fora do meio hospitalar é das mais baixas da Europa. Estamos a falar de três por cento que chegam com vida ao hospital", frisou, acrescentando que sobrevivem (saem do hospital) "menos de dois por cento". Noutros países a Europa, a taxa de sobrevivência oscila entre os 20 e os 30 por cento.

Tal diferença não tem a ver, fez questão de reafirmar o responsável, com "maus cuidados por parte das equipas de emergência nem dos hospitais", apenas com "a sociedade civil não estar preparada".

"A sociedade civil é o primeiro elo da cadeia de socorro, é preciso que esteja preparada para identificar o que é uma paragem cardiorrespiratória, saber comunicar isso ao 112 e iniciar o suporte de vida e se for caso disso fazer a desfibrilhação", disse.

É que, alertou, ao fim de cinco minutos de uma paragem cardiorrespiratória, se nada for feito, a hipótese de sobrevivência "vai diminuindo 20 por cento a cada minuto que passa, o que significa que ao fim de dez minutos já não é compatível com a vida". E dez minutos é o tempo que demoram as equipas de emergência médica.

Por isso, e porque o "Movimento Salvar Mais Vidas" tem a missão de alertar e mobilizar a sociedade civil e "participar na solução", foi apresentada a petição no Parlamento, que quer que "o suporte básico de vida seja realidade nas escolas" e que exista uma lei que "faça com que esse ensino seja obrigatório a todos os alunos do 12.º ano".

E, depois, ainda nas palavras de Gabriel Boavida, é preciso que algumas profissões tenham essa formação obrigatória, a começar por profissionais de saúde, que muitos não a têm, mas também todos os bombeiros, os polícias e guardas, seguranças de empresas privadas, nadadores salvadores, treinadores e professores.

A petição propõe ainda que sejam feitas campanhas de sensibilização e de alerta para "o problema de saúde pública" e a disseminação de desfibrilhadores em locais com grande número de pessoas e locais como recintos desportivos e ginásios.

Se as pessoas compreenderem que estão perante uma paragem cardiorrespiratória, se o souberem comunicar ao 112 (número de emergência) e se souberem iniciar as manobras de compressão cardíaca podem salvar-se muitas vidas, disse o responsável, citando um exemplo muito recente de uma escola em Sintra onde uma professora que tinha tido essa formação salvou uma aluna.

"Se passássemos de uma taxa de três por cento para 30 por cento estamos a falar de 2 700 vidas salvas", disse Gabriel Boavida. É que "se não fizermos nada a alguém com paragem cardiorrespiratória estamos a condená-lo à morte". E "há muitas vidas que estão por salvar", remata.

Fonte: Lusa

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