ALIMENTAÇÃO

Obesos têm menos sensação de recompensa com comida do que magros

Testes realizados em laboratório durante um estudo mostraram que pessoas obesas sentem menos sensação de recompensa com a ingestão de comida do que pessoas magras. O estudo foi publicado na revista The Conversation.

Obesos têm menos sensação de recompensa com comida do que magros

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Durante a investigação, de cientistas da Universidade Bangor, no Reino Unido, os cientistas criaram uma aplicação (app) para smartphone com o objetivo de registar os padrões espontâneos de desejo por determinadas comidas, bem como quando essas comidas eram ingeridas.

Os participantes usaram a app para avaliar a intensidade (numa escala de 0 a 10) do desejo pela comida sempre que o pensamento de ingerir essa comida surgia na sua mente, independentemente de eles a comerem ou não.

Caso comessem de facto a comida desejada, os participantes também avaliavam o quanto tinham gostado e sentido prazer ao comer (0 a 10), logo após a ingestão do alimento. A app também registou a altura em que os participantes comeram e quanto tempo levaram para comer.

Os participantes usaram a app continuamente durante duas semanas, completaram um questionário sobre os desejos por comida e atitudes em relação à comida e tiveram ainda as suas várias medidas (como altura, peso e composição corporal) analisadas.

Os participantes foram agrupados de acordo com a gordura corporal. Dos 53 participantes, 20 eram saudáveis ​​e 33 eram obesos.

Os dados apurados mostraram que os participantes obesos relataram um número ligeiramente menor de eventos alimentares por dia - uma média de cinco, em comparação com seis no grupo de peso saudável.

A intensidade do desejo por comida do grupo obeso não foi significativamente diferente do registado no grupo de peso saudável, o que mostra que pessoas obesas não têm episódios mais frequentes ou intensos de desejo por comida.
No entanto, os participantes obesos relataram uma satisfação alimentar significativamente menos intensa do que os participantes com peso saudável, revelando que eles não apreciaram ou se sentiram menos recompensados ​​ pelos alimentos que ingeriram.

Houve uma forte correlação entre os alimentos desejados e as características do desejo por comida medidas pelo questionário, o que não foi visto em participantes com peso saudável. Assim, os participantes obesos mostraram que a sua decisão de comer era fortemente impulsionada por desejos e não pela fome.

No grupo de peso saudável, a intensidade do desejo por comida, quando as pessoas resistiam à tentação, era menor do que quando queriam continuar a comer. E as pontuações de saciedade e prazer eram altas depois de comer.

Isto sugere que, em pessoas com pesos saudáveis, a decisão de comer ou não comer é baseada na intensidade do desejo e que o prazer alimentar apoiou a decisão de comer.

Este padrão, no entanto, não foi visto no grupo obeso. A sua decisão de comer, ou não, não parecia ser impulsionada por uma intensidade de desejo consciente e a sua satisfação alimentar não sustentava a sua decisão de comer.

Motivação emocional em conexão com os desejos por comida parece influenciar mais as decisões alimentares em pessoas obesas do que em pessoas com peso saudável, concluíram os investigadores.

Estamos expostos à publicidade à comida muitas vezes ao dia, particularmente sugestões de alimentos altamente apetecíveis ricos em açúcar e gordura. Muito daquilo que comemos é baseado em recompensa e não em fome.

"Alguns estudos de imagens cerebrais sugeriram já que pessoas obesas respondem mais a estímulos alimentares, mas podem responder menos ao consumo de alimentos. O nosso estudo é importante para demonstrar essa deficiência de recompensa na vida diária", disseram os autores.

A falta de recompensa pode contribuir para o consumo em excesso de comida, pois pode resultar numa maior quantidade de comida a ser ingerida na tentativa de compensar a falta de prazer.
"Para ajudar as pessoas a gerir melhor o seu peso, é preciso prestar mais atenção ao valor de recompensa que sentem ao comer", sublinharam os cientistas.


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