PSICOLOGIA

Imaginar um objeto pode alterar maneira como se ouve som

Ver um objeto ao mesmo tempo em que se ouve um som vindo de outro lugar pode levar à chamada "ilusão de ventríloquo", que persiste num momento posterior, mas pesquisas sugerem que simplesmente imaginar o objeto produz os mesmos resultados ilusórios. Os resultados foram publicados na revista Psychological Science.

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"A informação sensorial que imaginamos é frequentemente tratada pelo cérebro da mesma forma que a informação que nos é transmitida do mundo exterior", disseram os cientistas do Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos Estados Unidos.

"O nosso trabalho mostra que o que imaginamos na nossa ‘mente’ pode ​​levar a mudanças na perceção dos nossos sistemas sensoriais, mudando a forma como percebemos a informação real do mundo que nos rodeia no futuro", acrescentaram.

O cérebro está constantemente a integrar informações de múltiplos sentidos para produzir uma experiência coerente do mundo. Esse processo é ininterrupto e adaptativo; por exemplo, na ilusão do ventríloquo, a localização percebida de um som muda para a localização do estímulo visual se ele for apresentado ao mesmo tempo. E se experimentarmos esse emparelhamento repetidamente, a ilusão persistirá como um efeito posterior, mesmo quando o estímulo visual já não existe e só se ouve o som.

Durante o estudo, e numa fase de adaptação, os participantes imaginaram um círculo que aparecia num local específico num ecrã, ao mesmo tempo que ouviam um ruído vindo de um dos três locais por trás do ecrã; na fase de teste, os participantes ouviram rajadas de ruído emanado de locais designados aleatoriamente e indicaram se o ruído vinha do lado esquerdo ou direito.

Os resultados mostraram que a imaginação de um círculo simultaneamente com os sons auditivos foi suficiente para induzir o efeito posterior do ventriloquismo, pois as respostas dos participantes na fase de teste foram enviesadas de acordo com o par específico imagético-sonoro que experimentaram durante a fase de adaptação.

"Ficámos surpresos ao descobrir que os efeitos sobre a perceção dos participantes do espaço acústico eram quase tão fortes para estímulos imaginários quanto para estímulos visuais reais; ou seja, o que imaginamos ver pode afetar a nossa perceção futura do som tanto quanto o que realmente vemos", esclareceram os cientistas.

No entanto, para o efeito posterior surgir, os sons apresentados nas duas fases devem ser consistentes. Em quatro experiências, o efeito posterior do ventriloquismo surgiu em resposta a imagens mentais e estímulos visuais, mas apenas quando a fase de adaptação e teste apresentava o mesmo tom. O efeito posterior não apareceu quando a fase de adaptação apresentou um tom e a fase de teste apresentou ruído.

Os especialistas esperam continuar a investigar a sobreposição no processamento entre imagens mentais e a perceção visual. A pesquisa nesta área pode eventualmente ter aplicações numa variedade de domínios, incluindo na reabilitação após lesão ou acidente vascular cerebral e no desenvolvimento de interfaces cérebro-computador e próteses neurais.

Fonte: Science Daily

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