Dieta mediterrânica melhora diversidade microbiana intestinal
Uma dieta de estilo mediterrâneo e rica em vegetais e produtos lácteos fermentados, como iogurte, juntamente com café, chá e chocolate, está associada a uma maior diversidade microbiana intestinal e a um menor risco de hospitalização em pacientes com cirrose hepática.
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Apresentado no The International Liver Congress 2018 em Paris, França, o estudo, que envolveu quase 300 indivíduos nos Estados Unidos e na Turquia, mostrou que toda a amostra turca, incluindo indivíduos saudáveis, bem como aqueles com cirrose compensada e descompensada, apresentaram uma diversidade microbiana significativamente maior do que os participantes norte-americanos.
A cirrose hepática é uma das principais causas de morte em todo o mundo, em grande parte evitável, sendo responsável por mais de um milhão de óbitos por ano a nível mundial.
O risco de morte por cirrose hepática difere marcadamente entre países, impulsionado principalmente pelo consumo de álcool, tipo e qualidade de álcool consumido e a presença de infeções por hepatites B e C.
A microbiota intestinal tem sido implicada na patogénese e progressão da cirrose, sendo que uma diminuição progressiva na diversidade microbiana é observada em indivíduos saudáveis, indivíduos com cirrose compensada e naqueles com doença descompensada.
"A dieta é um dos principais determinantes da composição microbiana do intestino, mas há muito pouca informação que associe a dieta, a diversidade microbiana e os resultados clínicos em pacientes com cirrose", disseram os investigadores da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos.
O estudo recrutou três grupos de indivíduos nos Estados Unidos e na Turquia: controlos saudáveis, pacientes ambulatoriais com cirrose compensada e pacientes ambulatoriais com cirrose descompensada.
Todos os indivíduos foram submetidos a exames para avaliar a microbiota intestinal e as fezes e aqueles com cirrose hepática foram seguidos por, pelo menos, 90 dias para obtenção de dados sobre hospitalizações não eletivas.
A população norte-americana tendia a seguir uma dieta ocidental, com um consumo relativamente baixo de alimentos fermentados e um alto consumo de café e bebidas carbonatadas, enquanto a amostra turca consumiu uma dieta de estilo mediterrâneo, que era rica em alimentos fermentados e vegetais.
A análise das amostras de fezes revelou que toda a amostra turca tinha uma diversidade significativamente maior na sua microbiota intestinal do que a amostra norte-americana e que não havia diferença na diversidade entre controlos saudáveis e aqueles com cirrose hepática na Turquia.
Em contraste, na amostra dos Estados Unidos, a diversidade foi maior no grupo controlo e menor entre aqueles com cirrose descompensada.
Houve um número significativamente maior de hospitalizações relacionadas com todas as causas hepáticas durante o acompanhamento de 90 dias no grupo norte-americano, em comparação com o grupo de indivíduos turcos.
"Este estudo demonstra que pacientes com cirrose têm perfis de microbiota intestinal altamente responsivos a fatores dietéticos, tendo sido o primeiro estudo a confirmar uma ligação entre a dieta, a diversidade microbiana e os desfechos clínicos na cirrose hepática.
Contudo, são necessários estudos adicionais para avaliar se a modificação na dieta pode melhorar tanto a diversidade microbiana quanto os resultados clínicos nesses pacientes", concluíram os investigadores.