A investigação, de cientistas da Universidade de São Paulo, no Brasil, e da Universidade de Berna, na Suíça, fez uma análise comparativa de nove marcas de dentifrícios vendidos no mercado e que prometiam combater a hipersensibilidade e erosão dental.

Os dados apurados mostraram que nenhum dos produtos mostrou ser capaz de proteger o esmalte dos dentes, nem de prevenir o desgaste erosivo. Pelo contrário, todos os cremes dentais testados causaram diferentes graus de perda da superfície do dente e nenhum foi capaz de proteger o esmalte da erosão e da abrasão dental.

"Não é o creme dental que vai conseguir resolver o problema totalmente. A erosão dental é multifatorial, tem relação com a escovação e, principalmente, com a alimentação, que está a tornar-se cada vez mais ácida em virtude, por exemplo, dos alimentos industrializados", explicou Samira Helena João Souza, coordenadora do estudo.

De acordo com a cientista, para proteger adequadamente os dentes, é preciso haver a associação de, pelo menos, três fatores: o tratamento acompanhado por um dentista, o uso de cremes dentais indicados e a mudança no estilo de vida do paciente, principalmente nos hábitos alimentares.

"Estudamos as chamadas lesões cervicais não cariosas, quando ocorre a perda de estrutura dental não relacionada a bactérias (como é o caso da cárie). Nas clínicas, vemos pacientes com esse problema na região cervical do dente, entre a gengiva e o dente. O esmalte nessa área é mais fino e mais suscetível ao problema", explicou por sua vez Ana Cecília Aranha, coautora do trabalho.

Os resultados apurados mostram que, sozinhos, os dentífricos vendidos como sento especiais não oferecem a proteção prometida e podem, de fato, ajudar a piorar a situação se não forem tomadas precauções adicionais.

"Agora, estamos a fazer outros trabalhos com dentina para pensar em possibilidades, pois o resultado mostrou algo preocupante: nenhum dos dentífricos foi capaz de prevenir a erosão dental ou a hipersensibilidade dentária", concluiu Ana Cecília.