A equipa acrescenta que, num curto prazo, poderão surgir novos sorotipos do vírus. "Hoje existe apenas um único Zika e, uma vez infetado, o doente torna-se imune. Mas o vírus está em franca mutação e não seria surpresa se, em breve, surgissem o Zika 2, 3, 4...", alertou o investigador Edison Luiz Durigon.

Os cientistas analisaram o genoma completo do vírus presente em três doentes infetados com Zika, mas que estavam assintomáticos.

Os resultados mostraram que havia, por exemplo, num mesmo paciente, a presenta de "estirpes compartimentadas" do Zika.

Isso significa que "o vírus presente no sémen era diferente do que havia na urina. Em todos os casos, o patogénico que encontramos no estágio final da infeção não era o mesmo que entrou no paciente", destacou Durigon.

Verificou-se ainda que os pacientes do sexo masculino continuaram a eliminar o Zika em grandes quantidades através do esperma por até seis meses e um deles apresentou o vírus na saliva durante três meses.

"O Zika continuou a replicar-se nas células do testículo durante todo esse tempo e, por microscopia eletrónica, pudemos perceber que os espermatozoides já se formavam infetados. Há risco, portanto, de ocorrer uma conceção com esperma contaminado. Se a gravidez vai para frente nesses casos e quais as consequências para o feto é algo que não temos ideia", comentou Durigon.

A possibilidade de transmissão sexual amplia fortemente a capacidade do vírus de se disseminar, alertaram os autores do estudo, que alertam a comunidade médica para este risco.