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Analgésicos podem não funcionar em pacientes com privação de sono

Dados recentes do Instituto Nacional de Saúde norte-americano estimam que mais de 25 milhões de adultos, nos Estados Unidos, vivem com dor crónica; para aliviar essa dor, muitas pessoas recorrem a práticas médicas complementares.

Analgésicos podem não funcionar em pacientes com privação de sono

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No entanto, uma nova pesquisa, que examinou a ligação entre a privação de sono, sensibilidade à dor e analgésicos comuns, encontrou conexões surpreendentes que podem, no futuro, ajudar pacientes com dor crónica a gerir melhor o seu desconforto.

O estudo foi realizado por investigadores do Hospital Infantil de Boston e do Centro Médico Beth Israel Deaconess, ambos nos Estados Unidos.

A equipa investigou o impacto da privação de sono aguda e crónica, bem como a sonolência resultante, na sensibilidade à dor e estímulos não-dolorosos. Ao mesmo tempo, os investigadores examinaram o efeito de analgésicos comuns, tais como o ibuprofeno e morfina, juntamente com o efeito de drogas que promovem a vigília, como a cafeína e modafinil, na sensibilidade à dor.

No início do estudo, a equipa monitorizou os ciclos de sono e a sensibilidade sensorial de seis a 12 ratos, usando pequenos fones de ouvido que faziam medições de eletroencefalografia e eletromiografia; os resultados foram utilizados como dados de base.

De seguida, os investigadores privaram o sono dos animais, entretendo-os; para replicar o que acontece quando os seres humanos ficam acordados até muito tarde, distraíram os ratos com brinquedos e atividades divertidas, no período em que estes deveriam estar a dormir.

As cobaias foram mantidas acordadas durante 12 horas seguidas, ou durante seis horas, durante cinco dias consecutivos. Ao longo destes períodos de vigília, os investigadores monitorizaram a sonolência, os níveis de stress, e testaram a sensibilidade à dor.

O estudo revelou uma forte ligação entre a privação do sono e a sensibilidade à dor. A descoberta mais surpreendente foi que analgésicos comuns pareciam não ter eficácia no alívio da dor induzida pela privação do sono. Nem o ibuprofeno nem a morfina conseguiram prevenir ou parar os efeitos da hipersensibilidade induzida pela perda de sono.

Por outro lado, drogas que promovem a vigília interromperam com êxito a hipersensibilidade à dor causada pela privação de sono aguda e crónica. No entanto, modafinil e cafeína não tiveram propriedades analgésicas em ratos que tinham dormido normalmente.

Os resultados, publicados na Nature Medicine, sugerem que pacientes com dor crónica que usam analgésicos comuns podem ter que aumentar a sua dose se forem privados de sono, sendo que este facto pode aumentar efeitos secundários.

Os investigadores acreditam que estas descobertas podem abrir caminho para um novo tipo de analgésicos.


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