Nova aplicação ajuda invisuais a deslocarem-se em segurança
Uma plataforma digital móvel para auxiliar pessoas invisuais, dando-lhes informações sobre o ambiente que as rodeia, pontos de interesse específicos e zonas consideradas perigosas, como passadeiras e escadas, está a ser desenvolvida por cientistas do Porto.
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Este conjunto de tecnologias, criadas no âmbito do projeto CE4Blind, resultou de uma parceria entre o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO) e a Universidade do Texas, em Austin, nos Estados Unidos.
O sistema integrado, composto por uma bengala eletrónica, uma aplicação móvel e um módulo de visão por computador, utilizadas em simultâneo ou individualmente, "explora formas de usar tecnologia para potenciar o aumento da autonomia de pessoas cegas" de uma maneira "não invasiva", explicou o investigador do INESC TEC João Barroso.
"Esta aplicação permite a configuração de uma rede de sensores, a georreferenciação dos vários elementos e a inserção de informação relacionada com cada ponto de interesse (POI)", acrescentou.
A bengala eletrónica permite a leitura de etiquetas RFID (identificação por radiofrequência) previamente instaladas em locais de interesse, como, por exemplo, junto a passadeiras, escadas ou outros locais de importância.
"As pessoas cegas podem utilizar estas bengalas da mesma forma como utilizam as tradicionais bengalas brancas, proporcionando-lhes uma utilização confortável e que, ao mesmo tempo, lhes dá informação e alertas sobre o ambiente que os rodeia", comunicando por bluetooth com o software instalado no dispositivo móvel.
A interação da aplicação com o utilizador é feita através de vibração e de voz, podendo este pedir e obter mais informação através de um joystick incorporado na bengala.
O módulo de visão por computador permite a leitura de texto, reconhecimento de alguns objetos do dia a dia e ainda a validação visual da localização do utilizador, sempre num determinado local onde tenha sido feito um reconhecimento prévio do ambiente.
O sistema funciona sem necessidade de ligação à Internet. No entanto, quando online, é possível aceder a outros recursos, nomeadamente capacidade de cálculo externa e o acesso a atualizações do sistema.
Funciona em ambientes onde foi previamente instalada uma rede de sensores, nomeadamente etiquetas RFID identificando os POI e a respetiva informação inserida na base de dados.
"Não conhecemos, até ao momento, nenhum sistema que disponibilize às pessoas cegas, de forma integrada, um conjunto de tecnologias de interação fácil e com um nível elevado de informação, como é o caso do CE4BLIND", indicou ainda o investigador.