Portugueses estão a criar crianças resistentes a antimicrobianos
Embora a utilização de antibióticos tenha vindo a descer nos últimos anos, seis em cada dez portugueses ainda acreditam que estes são eficazes a combater vírus, uma crença que passa de pais para filhos e que é agravada pela falta de tempo que os progenitores têm para estar em casa na doença, alerta o especialista em Medicina Tradicional Chinesa Hélder Flor, acrescentando que "apostar na prevenção e mudar hábitos pode fazer toda a diferença".
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"Os pais acreditam que se as crianças tomarem antibiótico vão melhorar mais rápido. Logo à partida vai destruir a flora intestinal que é essencial para o nosso sistema imunitário e provocar obstipação, prisão de ventre ou diarreia. Mas é a longo prazo que o impacto é mais grave", explica o especialista.
"Estamos a criar uma geração mais resistente à ação dos antibióticos e a aumentar a proliferação de superbactérias, o que quer dizer que os antibióticos vão ser cada vez menos eficazes nos casos que são realmente necessários e os nossos filhos cada vez mais vulneráveis às bactérias", acrescenta Hélder Flor.
A prescrição deste tipo de medicamento apenas para as doenças bacterianas é o primeiro passo para inverter esta tendência, mas também há uma parte preventiva do processo que se faz através do reforço do sistema imunitário, sublinha ainda.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), se nada for feito mais efetivo do que até agora, em 2050, morrerão anualmente cerca de 390 mil pessoas na Europa e dez milhões em todo o mundo em consequência direta das resistências aos antimicrobianos.
E, apesar de Portugal estar a obter bons resultados na redução da ingestão de antibióticos, ainda tem um longo caminho pela frente no que respeita à informação, sendo que 60 por cento dos portugueses ainda pensam que os antibióticos são eficazes no combate de vírus e 50 por cento acreditam que são indicados para constipações e gripe.