Terapia inovadora usa injeção de bolhas de gás para tratar enfarte
Um estudo que acaba de ser publicado no Journal of the American College of Cardiology apresenta uma terapia inovadora e eficaz contra o enfarte baseada na aplicação de uma injeção com dois mil milhões de microbolhas de gás que tem como objetivo desobstruir os vasos sanguíneos e melhorar a função cardíaca.
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Os cientistas brasileiros e norte-americanos que aplicaram o novo tratamento explicaram que as microbolhas funcionam como uma espécie de "dinamite" que faz "explodir" o coágulo que impede a circulação sanguínea e causa o enfarte.
As bolhas são injetadas na corrente sanguínea do paciente e circulam livremente através dos vasos sanguíneos até chegarem à zona de bloqueio, onde se acumulam. Nessa altura, os pesquisadores utilizam um aparelho de ultrassonografia colocado sobre o peito do paciente para garantir que as microbolhas vibrem e destruam o coágulo.
A ideia deste novo tratamento já tinha surgido há 20 anos, quando um grupo de pesquisadores no Canadá mostrou, em ensaios in vitro, que as microbolhas expostas a um campo de ultrassom poderiam romper coágulos.
Em 2004, pesquisadores da Universidade de Nebraska, nos Estados Unidos, testaram a técnica em animais e, em 2014, foram iniciados os testes em humanos, numa parceria entre o Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, no Brasil, e cientistas norte-americanos daquela universidade.
Os resultados preliminares dos primeiros testes clínicos, que avaliaram a segurança da técnica em 30 pacientes, mostraram que os indivíduos que receberam a injeção tiveram maiores índices de abertura da artéria obstruída e de recuperação do miocárdio, em comparação com os pacientes que receberam o tratamento padrão.
"A terapia também conseguiu romper os coágulos menores que se soltaram do coágulo maior, os quais obstruem as ‘ramificações’ da coronária e são inacessíveis pela angioplastia", sublinhou Wilson Mathias, diretor da Unidade de Ecocardiografia do Incor e coordenador-chefe da pesquisa.
Embora defendam a necessidade de mais testes clínicos com o novo tratamento, os cientistas acreditam que a terapia poderá, num futuro próximo, ser usada em centros não especializados, como postos de saúde e em ambulâncias, pelo fato de não oferecer risco de hemorragia como certos medicamentos.