O problema, que, em alguns casos, já se arrasta há vários meses, tem ditado o adiamento de tratamentos ou motivado o uso de alternativas que nem sempre são as mais eficazes.

Entre os medicamentos em falta, destaque para a vincristina, em falta há mais de um mês e usada sobretudo em crianças, na área das leucemias, ou para o BCNU, usado para tratar tumores cerebrais, que esteve em falta durante quatro meses.

Nuno Miranda, do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, sublinha que, em 2013, ao todo, foram sete os medicamentos em falta no país, vários utilizados no tratamento de leucemias em crianças.

A escassez de medicamentos afeta sobretudo os fármacos mais antigos e que, por serem baratos (alguns custam menos de dez euros), não são vistos como uma aposta pelas farmacêuticas.

A escassez destes medicamentos tem afetado unidades de todo o mundo, o que obrigará a uma mudança de estratégias que pode mesmo passar pela produção centralizada para a Europa.

Fernando Leal da Costa, secretário de Estado adjunto do Ministro da Saúde, admite dificuldades na resolução do problema, lembrando que alguns medicamentos têm 50 anos, mas continuam a ser mais eficazes no combate a alguns tipos de cancro. O problema está no facto de não darem retorno financeiro aos grandes grupos farmacêuticos, o que resulta na suspensão de fabrico ou mesmo na descontinuação do produto.

Filomena Pereira, diretora do serviço de pediatria do Instituto Português Francisco Gentil de Lisboa (IPO de Lisboa), admite já ter tido necessidade de adiar tratamentos em crianças. Na sua opinião, a situação ainda não é dramática, pois tem sido possível contornar, mas a especialista teme pela falta de soluções no futuro.