Anorexia pode ter origem genética
Um grupo de cientistas norte-americanos acredita que a anorexia pode ter uma base genética, teoria que contesta a hipótese atual de que a condição é provocada apenas por pressões sociais e psicológicas.
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O estudo, publicado na revista Molecular Psychiatry, revelou que o distúrbio alimentar pode ser provocado por mutações genéticas que interferem com o processamento do colesterol, afetando o humor e a dieta.
A descoberta realizada pelo Instituto de Pesquisa Scripps, na Califórnia, surge com base na avaliação da informação genética de mais de 3 mil pessoas, um terço das quais sofriam com anorexia.
Foram estudados mais de 150 genes que mostraram sinais estatísticos de relação com a doença, incluindo o gene EPHX2, que controla uma enzima que regula o colesterol. Os cientistas encontraram várias evidências de que certas variantes do EPHX2 podem ocorrer com mais frequência em pessoas com anorexia.
Ainda não está claro, no entanto, de que modo as mutações no EPHX2 originam uma falha no metabolismo do colesterol e promovem a anorexia; mas Nicholas Schork, principal autor do estudo, sublinha que "as pessoas com anorexia têm frequentemente níveis extremamente elevados de colesterol no sangue, apesar de serem severamente desnutridas".
Além disso, explica, há evidências de que o colesterol pode estar associado ao humor. "A hipótese indica que, em alguns anoréticos, o metabolismo normal de colesterol é interrompido, o que poderia influenciar o seu humor, bem como a sua capacidade para sobreviver, apesar de uma restrição calórica grave".
As conclusões agora apuradas podem levar ao desenvolvimento de medicamentos para tratar esta doença que afeta, principalmente, as meninas.