Mercaptamina

DCI com Advertência na Gravidez DCI com Advertência no Aleitamento DCI com Advertência na Condução
O que é
A mercaptamina também é chamada de cisteamina.

A cistinose também designada por “cistinose nefropática” é uma doença metabólica caracterizada por uma acumulação anormal do aminoácido cistina em diversos órgãos do corpo como, por exemplo, rins, olhos, músculos, pâncreas e cérebro.

A acumulação de cistina provoca danos nos rins e a excreção de quantidades excessivas de glicose, proteínas e electrólitos.

Diferentes órgãos são afectados em diferentes idades.

Mercaptamina é receitada para controlar esta doença hereditária rara.

Mercaptamina é um medicamento que reage com a cistina, para reduzir o seu nível dentro das células.
Usos comuns
Mercaptamina está indicada no tratamento da cistinose nefropática comprovada.
Tipo
Molécula pequena.
História
Sem informação.
Indicações
Mercaptamina está indicada no tratamento da cistinose nefropática comprovada.

A cisteamina reduz a acumulação de cistina em determinadas células (por exemplo leucócitos, músculo e hepatocitos) nos doentes com cistinose nefropática e, quando o tratamento é efectuado precocemente, atrasa o desenvolvimento da insuficiência renal.
Classificação CFT

20.9 : Outros Produtos e Medicamentos

Mecanismo De Acção
Os indivíduos normais e os sujeitos heterozigóticos para a cistinose apresentam níveis leucocitários de cistina < 0,2, e habitualmente inferiores a 1 nmol hemocistina/mg de proteína respectivamente.

Os indivíduos com cistinose nefropática apresentam uma elevação da cistina leucocitária superior a 2nmol hemicistina/mg de proteína.

A mercaptamina (também chamada cisteamina) reage com a cistina para formar um dissulfureto misto de cisteamina e cisteína.

O dissulfureto misto é então removido dos lisosomas pelo sistema intacto de transporte de lisina.

A redução nos níveis leucocitários de cistina está relacionado com a concentração de cisteamina no plasma, no período de seis horas após administração de Mercaptamina.

O nível leucocitário de cistina atinge o seu mínimo (valor médio ±dp: 1,8 ±0,8 horas) ligeiramente mais tarde do que o pico de concentração de cisteamina no plasma (valor médio ±dp: 1,4 ±0,4 horas) e regressa ao seu nível basal quando a concentração plasmática de cisteamina diminui, 6 horas após a dose.

Num estudo clínico, a concentração basal de cistina leucocitária era de 3,73 (limites 0,13 a 19,8) nmol hemi cistina/mg de proteína com doses de cisteamina compreendidas entre 1,3 a 1,95 g/m2/dia.

Num estudo anterior trataram-se 94 crianças com cistinose nefropática, com doses crescentes de cisteamina de forma a atingir concentrações leucocitárias de cistina inferiores a 2nmol hemicistina/mg de proteína 5 a 6 horas após administração, comparando-se a sua evolução com um grupo de controlo histórico de 17 crianças tratadas com placebo.

Os principais parâmetros de eficácia foram a creatinina plasmática e o cálculo da clearance de creatinina assim como o crescimento (altura).

A concentração média da cistina leucocitária conseguida durante o tratamento foi de 1,7 ± 0,2 nmol hemicistina/mg de proteína.

A função glomerular manteve-se ao longo do tempo entre os doentes do grupo cisteamina.

Inversamente, nos doentes do grupo placebo produziu-se um aumento progressivo da creatinina sérica.

Doentes sujeitos ao tratamento mantiveram o crescimento comparativamente a doentes não tratados.

No entanto, a velocidade de crescimento não aumentou o suficiente de forma a permitir que os doentes atingissem a norma relativa à idade.

A função tubular renal não foi afectada pelo tratamento.

Dois outros estudos apresentaram resultados similares.

Em todos os estudos, observou-se que os doentes respondiam melhor quando o tratamento era iniciado numa idade precoce e com uma boa função renal.
Posologia Orientativa
A dose depende do peso e da idade do doente.

Em crianças até 12 anos de idade a dose será baseada no tamanho do corpo (superfície corporal) sendo a dose habitual de 1,30g/m2 de superfície corporal por dia.

Em doentes com mais de 12 anos de idade e mais de 50 kg de peso, a dose habitual é de 2g/dia.

Em qualquer dos casos a dose habitual não deverá exceder 1,95g/m2/dia.

Mercaptamina deve ser tomado 4 vezes por dia, de 6 em 6 horas, preferencialmente durante ou após as refeições.

É importante que as doses sejam o mais possível mantidas a estes intervalos de 6 horas.
Administração
O tratamento com Mercaptamina deve ser iniciado sob a supervisão de um médico com experiência no tratamento da cistinose.

Deve ser tomado ou administrado apenas por via oral.

Não é aconselhável dar cápsulas duras a crianças com menos de seis anos de idade, dado o risco de poderem engoli-las e sufocarem.

No caso de crianças com idade inferior a seis anos, a cápsula dura pode ser aberta e o seu conteúdo misturado na comida (p. ex., leite, batatas ou alimentos contendo amido) ou misturado em farinhas.

Não adicionar a bebidas acidificantes, tais como o sumo de laranja.
Contra-Indicações
Hipersensibilidade à Mercaptamina.

O uso de Mercaptamina está contra-indicado durante o aleitamento.

Mercaptamina não deve ser utilizado durante a gravidez, sobretudo durante o primeiro trimestre, a menos que tal seja claramente necessário, uma vez que se verificou ser teratogénico em animais.

Mercaptamina está contra-indicado nos doentes que desenvolveram uma hipersensibilidade à penicilamina.
Efeitos Indesejáveis/Adversos
Aproximadamente 35% dos doentes poderão experimentar efeitos indesejáveis. Estes envolvem essencialmente os sistemas gastrointestinal e nervoso central. Se estes efeitos surgirem no início da terapêutica com cisteamina, a suspensão temporária do tratamento e a sua reintrodução gradual podem melhorar eficazmente a tolerância.

Exames complementares de diagnóstico
Frequente: Anomalias nas análises da função hepática

Doenças do sangue e sistema linfático
Pouco frequente: Leucopenia

Doenças do sistema nervoso
Frequentes: Cefaleia, encefalopatia
Pouco frequentes: Sonolência, convulsões

Doenças gastrointestinais
Muito frequentes: Vómitos, náuseas, diarreia
Frequentes: Dor abdominal, mau hálito, dispepsia, gastrenterite
Pouco frequente: Úlcera gastrointestinal

Doenças renais e urinárias
Pouco frequente: Síndroma nefrótico

Afecções dos tecidos cutâneos e subcutâneas
Frequentes: Odor cutâneo anormal, erupção cutânea
Pouco frequentes: Alterações de cor do cabelo, estrias cutâneas, fragilidade cutânea (pseudotumor moluscóide nos cotovelos)

Afecções musculosqueléticas e dos tecidos conjuntivos
Pouco frequentes: hiperextensão das articulações, dores nas pernas, joelho valgo, osteopenia, fractura compressiva, escoliose.

Doenças do metabolismo e da nutrição
Muito frequente: Anorexia

Perturbações gerais e alterações no local de administração
Muito frequentes: Letargia, pirexia
Frequente: Astenia

Doenças do sistema imunitário
Pouco frequente: reacção anafiláctica

Perturbações do foro psiquiátrico
Pouco frequentes: Nervosismo, alucinações

Casos de sindroma nefrótico foram descritos no prazo de 6 meses após início do tratamento, com recuperação progressiva após interrupção do mesmo. Nalguns casos, o exame histológico revelou glomerulonefrite membranosa do aloenxerto renal e hipersensibilidade intersticial.

Casos de síndroma do tipo Ehlers-Danlos e perturbações vasculares nos cotovelos de crianças tratadas cronicamente com doses elevadas de diversas preparações de cisteamina (cloridrato de cisteamina, cistamina ou bitartrato de cisteamina) na maior parte das vezes acima da dose máxima de 1,95 g/m2/dia.

Em alguns casos, estas lesões cutâneas foram associadas a proliferação vascular, estrias cutâneas e lesões ósseas inicialmente observadas num exame radiográfico. As Afecções ósseas relatadas foram joelho valgo, dores nas pernas, hiperextensão das articulações, osteopenia, fracturas compressivas e escoliose.

Nos casos em que foi realizado um exame histopatólogico da pele, os resultados sugeriram angioendoteliomatose.

Um dos doentes veio posteriormente a falecer de isquémia cerebral aguda com vasculopatia pronunciada.

Em alguns doentes, as lesões cutâneas nos cotovelos regrediram após a redução da dose de Mercaptamina. Foi proposto um mecanismo de acção para a cisteamina por interferência nas ligações cruzadas das fibras de colagénio.
Advertências
Gravidez
Gravidez
Gravidez:Mercaptamina não deve ser utilizada durante a gravidez, sobretudo durante o primeiro trimestre, a menos que tal seja claramente necessário.
Aleitamento
Aleitamento
Aleitamento:O aleitamento está contra-indicado nas mulheres sob tratamento com Mercaptamina.
Condução
Condução
Condução:Mercaptamina pode provocar sonolência. Quando se inicia o tratamento, os doentes não devem efectuar actividades potencialmente perigosas, até se conhecer melhor os efeitos do medicamento em cada indivíduo.
Precauções Gerais
O tratamento com Mercaptamina deve ser iniciado de imediato após confirmação do diagnóstico de cistinose nefropática, para proporcionar o máximo benefício.

A cistinose nefropática deve ter sido diagnosticada através dos sinais clínicos e estudo bioquímico (medida da cistina leucocitária).

Foram relatados casos de síndroma do tipo Ehlers-Danlos e perturbações vasculares nos cotovelos de crianças tratadas com doses elevadas de diversas preparações de cisteamina (cloridrato de cisteamina, cistamina ou bitartrato de cisteamina) na maior parte das vezes acima da dose máxima de 1,95 g/m2/dia.

Estas lesões cutâneas estavam associadas a proliferação vascular, estrias cutâneas e lesões ósseas.

Recomenda-se, desta forma, a monitorização regular da pele ponderando a hipótese de exame radiográfico quando necessário.

Deve também ser aconselhado o auto-exame da pele pelo doente ou pelos seus pais.

Caso apareça qualquer anomalia cutânea ou óssea similar, recomenda-se a diminuição da dose de Mercaptamina.

A utilização de doses superiores a 1,95g/m2/dia não é recomendada.

Recomenda-se uma monitorização regular do número de glóbulos vermelhos.

Observou-se que a administração da cisteamina por via oral não evita o depósito ocular de cristais de cisteamina.

Por conseguinte, quando a solução oftálmica de cisteamina é usada com este propósito, a sua utilização deve prosseguir.

Não devem ser administradas cápsulas duras inteiras às crianças com idade inferior a aproximadamente 6 anos, devido ao risco de aspiração.
Cuidados com a Dieta
Para as crianças de idade inferior a aproximadamente seis anos, a cápsula dura pode ser aberta e o seu conteúdo misturado com os alimentos (p.ex., leite, batatas ou alimentos à base de amido) ou misturado na fórmula.

Não adicionar bebidas acidificantes, tais como o sumo de laranja.

O bitartrato de cisteamina (Mercaptamina) não deve ser administrado com alimentos com um teor elevado em gordura ou proteínas nem com alimentos congelados, tal como gelado.

Os doentes devem tentar de forma consistente evitar refeições e produtos lácteos durante pelo menos 1 hora antes e 1 hora depois da administração.

Se não for possível jejuar durante este período de tempo, é aceitável comer apenas uma pequena quantidade (100 gramas) de alimentos (de preferência hidratos de carbono) durante a hora anterior e seguinte à administração do medicamento. É importante dosear o medicamento relativamente à ingestão de alimentos de forma consistente e reproduzível ao longo do tempo.
Terapêutica Interrompida
Se omitiu uma dose do medicamento, deverá tomá-la o mais brevemente possível.
No entanto, se estiver a menos de duas horas da dose seguinte, deixe passar a dose em falta e regresse ao esquema posológico habitual.
Não tome uma dose a dobrar para compensar uma dose que se esqueceu de tomar.
Cuidados no Armazenamento
Não conservar acima de 25°C.
Manter o recipiente bem fechado para proteger da luz e da humidade.

Mantenha todos os medicamentos fora do alcance de crianças e animais de estimação.

Não deite fora quaisquer medicamentos na canalização ou no lixo doméstico. Pergunte ao seu médico, enfermeiro ou farmacêutico como deitar fora os medicamentos que já não utiliza. Estas medidas ajudarão a proteger o ambiente.
Espectro de susceptibilidade e Tolerância Bacteriológica
Sem informação.
Sem efeito descrito

Mercaptamina Colecalciferol (ou Vitamina D3)

Observações: Não foram realizados estudos de interacção.
Interacções: Mercaptamina pode ser administrado simultaneamente com suplementos de electrólitos e minerais necessários no tratamento do síndroma de Fanconi, assim como vitamina D e hormona tiroideia. - Colecalciferol (ou Vitamina D3)
Sem efeito descrito

Mercaptamina Ergocalciferol (vitamina D2)

Observações: Não foram realizados estudos de interacção.
Interacções: Mercaptamina pode ser administrado simultaneamente com suplementos de electrólitos e minerais necessários no tratamento do síndroma de Fanconi, assim como vitamina D e hormona tiroideia. - Ergocalciferol (vitamina D2)
Sem efeito descrito

Mercaptamina Hormona paratiroideia

Observações: Não foram realizados estudos de interacção.
Interacções: Mercaptamina pode ser administrado simultaneamente com suplementos de electrólitos e minerais necessários no tratamento do síndroma de Fanconi, assim como vitamina D e hormona tiroideia. - Hormona paratiroideia
Sem efeito descrito

Mercaptamina Indometacina

Observações: Não foram realizados estudos de interacção.
Interacções: Em alguns doentes utilizou-se simultaneamente Mercaptamina com indometacina. - Indometacina
Sem efeito descrito

Mercaptamina Electrólitos

Observações: Não foram realizados estudos de interacção.
Interacções: Mercaptamina pode ser administrado simultaneamente com suplementos de electrólitos e minerais necessários no tratamento do síndroma de Fanconi, assim como vitamina D e hormona tiroideia. - Electrólitos
Sem efeito descrito

Mercaptamina Sais minerais

Observações: Não foram realizados estudos de interacção.
Interacções: Mercaptamina pode ser administrado simultaneamente com suplementos de electrólitos e minerais necessários no tratamento do síndroma de Fanconi, assim como vitamina D e hormona tiroideia. - Sais minerais
Sem efeito descrito

Mercaptamina Outros medicamentos

Observações: Não foram realizados estudos de interacção.
Interacções: Em doentes submetidos a transplante renal, foram utilizados tratamentos anti-rejeição concomitantemente com a Mercaptamina (cisteamina). - Outros medicamentos
Identificação dos símbolos utilizados na descrição das Interacções da Mercaptamina
Informe o seu Médico ou Farmacêutico se estiver a tomar ou tiver tomado recentemente outros medicamentos, incluindo medicamentos obtidos sem receita médica (OTC), Produtos de Saúde, Suplementos Alimentares ou Fitoterapêuticos.

Mercaptamina não deve ser utilizada durante a gravidez, sobretudo durante o primeiro trimestre, a menos que tal seja claramente necessário.

Se a gravidez estiver diagnosticada ou for planeada, o tratamento deverá ser cuidadosamente reconsiderado e a doente deverá ser informada acerca do possível risco teratogénico da cisteamina.

O aleitamento está contra-indicado nas mulheres sob tratamento com Mercaptamina.

Mercaptamina pode provocar sonolência.
Quando se inicia o tratamento, os doentes não devem efectuar actividades potencialmente perigosas, até se conhecer melhor os efeitos do medicamento em cada indivíduo.
Informação revista e actualizada pela equipa técnica do INDICE.EU em: 11 de Novembro de 2021